RARO LIDO
Raro lido
em livro findo
que nem rindo mexerico
Vale a pena
no tinteiro
derramar
Força
Caixa entupida de gente
onde ouço vozes escassas
num abafado estalar
Gritos contidos
dos que ousam pensar
Esmagador vácuo
onde imaginam que vivem
Hora enganam-se
Submersos
pesar existir
Engano de vida
trolada
Que assim sonham viver
Nesta caixa lotada de gente
meu coração sangra só
Como se atolada
sufoca-me
o entrelaçar de viver
que seria conviver
Imóvel
morro sufocada
pela cegueira alheia
Correntes de ar
hiperventilam
matam
a sufocar
“Desoxigenamento” cerebral
“Amputamento” venoso
Torrentes de ar
Não respiro
Apneia
Durmo
no escuro
